2025-12-11 Thursday

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Voices 2025: 'TV do futuro' chega ao Brasil em 2026 como canal de aplicativos altamente personalizados

Voices 2025: 'TV do futuro' chega ao Brasil em 2026 como canal de aplicativos altamente personalizados

 Raymundo Barros, CTO da Globo, e Leonora Bardini, diretora executiva da TV Globo, em debate no evento Voices 2025 Gustavo Cunha/Agência O Globo Imagine só: por meio do controle remoto, além de pausar, voltar ou adiantar o que se assiste na TV, o espectador pode compartilhar — através do próprio aparelho — trechos de determinadas cenas, em tempo real, com outras pessoas. E mais. Também pela televisão, tem-se, veja bem, a possibilidade de realizar compras de produtos que aparecem na tela (não só em anúncios, mas em novelas, filmes e séries), receber alertas da defesa civil, participar de votações em programas interativos como o BBB - Big Brother Brasil, escolher ângulos variados para acompanhar um jogo de futebol... E por aí vai. Nada disso é invencionice de ficção científica, como reforçam Raymundo Barros, CTO da Globo, e Leonora Bardini, diretora executiva da TV Globo. Os profissionais discorreram sobre o tema e adiantaram detalhes desta novidade em mesa sobre a TV do futuro, no evento Voices 2025, nesta quarta-feira (10), no MAR - Museu de Arte do Rio, na capital fluminense. Popularmente chamada de "TV 3.0", a novíssima DTV+, que foi oficialmente regulamentada há quatro meses e chegará ao mercado nacional a partir de junho de 2026, provocará uma revolução na maneira como se produz e se consome televisão no país. Está aí um ponto de inflexão — algo inevitável, como ressaltam os especialistas — no mercado midiático no país. Tópico central no abrangente debate sobre tecnologia e inovação, o assunto foi perscrutado no Voices, uma iniciativa da Editora Globo e do Sistema Globo de Rádio, com patrocínio da Prefeitura do Rio e Secretaria Municipal de Educação, apoio da Zapt, patrocínio trilha por Claro Empresas e Insper e parceria da Play9. Neste futuro que já se apresenta à vista — e que será descortinado, enfim, durante a transmissão da Copa do Mundo de 2026 —, a televisão se constituirá como veículo de total integração digital, com canais que funcionarão, a rigor, como aplicativos com navegação semelhante à que se vê em computadores e celulares. A interação será explorada ao máximo na tela. — A transformação trará uma ampliação da qualidade, é claro: passaremos do HD para o 4K e o 8K; as cores estarão muito mais próximas da capacidade humana de percepção; o áudio se tornará mais imersivo... Mas esta não é a grande mudança. A grande alteração proposta pela DTV+ tem a ver com a digitalização do relacionamento de uma empresa de TV aberta com o consumidor e o mercado publicitário — adianta Raymundo Barros. — Passaremos a ter um novo conhecimento sobre o consumidor e, com isso, a possibilidade de criar ofertas individualizadas, algo que nunca houve na TV aberta. A rigor, o aparelho de televisão oferecerá uma curadoria detalhada de atrações para cada espectador, em modelo parecido ao que já se vê em determinadas plataformas de streaming. Com base no que cada usuário consome, uma programação altamente customizada passará a ser apresentada de acordo com as preferências de cada usuário. Em outras palavras, a grade de TV não será mais a mesma para ninguém. Exemplos: um espectador que torce para um time de futebol receberá alertas (ou push notifications, como se diz) sobre jogos de seu clube; quem acompanha uma novela será avisado, enquanto vê outro programa, sobre o início de mais um capítulo ao vivo, para que escolha se abrirá uma nova janela (ou não) para ver o folhetim. — Ao invés de programar um roteiro ou uma grade, a gente passará a montar experiências para grupos específicos a partir de seus hábitos e gostos. Nessa parte, a tecnologia tem um papel fundamental, porque este processo é altamente dinâmico — esmiúça Leonora Bardini. — Será uma relação mais íntima entre a TV e os espectadores, com diferentes interfaces para cada um. Um torcedor do Vitória, por exemplo, ao assistir à transmissão de uma partida de seu time, poderá escolher ouvir o áudio da arquibancada de seu clube, acompanhar o jogo sendo narrado por um locutor local... Assim, a gente traz camadas de individualidade, personalização e profundidade na relação com o usuário. Inteligência artificial em foco Novos caminhos possíveis das tecnologias foram apresentados, ao longo do Voices 2025, em palestras com grandes nomes associados a áreas de inovação, entre os quais a apresentadora Fátima Bernardes, o engenheiro de software Orkut Büyükkökten, o designer Oskar Metsavaht e a influenciadora digital Blô Barbosa. Não à toa, "inteligência artificial" (ou IA, para os íntimos) foi um termo pronunciado à exaustão em todas as mesas. A ferramenta, a bem da verdade, deixou de ser uma abstração técnica e passou a operar como uma força de ruptura visível dentro de quaisquer empresas. Na análise do professor André Filipe Batista, do Insper — que também participou do evento —, há em curso atualmente uma "mudança na forma de trabalho" causada por uma radical transformação de paradigma. Segundo dados compilados pelo profissional, 72% das empresas já utilizam IA generativa em suas rotinas. André Filipe Batista, professor do Insper Daniel Pinheiro/Época NEGÓCIOS Na TV Globo, há profissionais especificamente destacados para a pesquisa de inteligência artificial. Impossível ignorar esse campo, como reforçam os executivos da empresa. Na semana passada, o IA Content Lab da emissora, como o departamento é chamado, lançou — apenas internamente — uma produção de 30 minutos inteiramente rodada com o recurso tecnológico. Dos atores aos cenários, nada é real na pequena obra audiovisual. A narrativa, vale frisar, não será disponibilizada ao público, já que serviu apenas como indicador de resultado de pesquisas, que seguem a mil. — Todos os talentos dessa produção são avatares. A história acompanha uma garotinha, em São Paulo, que adoece e encontra dois gatinhos de rua. E, olha só, quando essa menina foi criada, a gente teve muita dificuldade para que ela se parecesse com uma brasileira — repassou o CTO da Globo, Raymundo Barros, aos risos. — Não havia nada que a gente conseguisse fazer para que ela se parecesse uma brasileirinha... Sempre vinha uma menina com cara de indiana. — E deixa eu colocar outro parênteses aqui — acrescentou Leonora Bardini, diretora executiva da emissora. — Um dos gatos, na história, tinha uma pinta. E, a cada hora que a gente rodava a inteligência artificial, a pintinha aparecia num lugar diferente do gato. Testes, testes e mais testes Mais do que criar propriamente um produto por meio de inteligência artificial, a experiência possibilitou que os profissionais entendessem, cara a cara, "a velocidade com que essa tecnologia vem evoluindo", como destaca Raymundo. A emissora, ele esclarece, não colocará no ar nenhuma produção feita com IA, pelo menos por ora. — A inteligência artificial está evoluindo, e a gente hoje está em domínio desse processo criativo. Não vamos colocar humanos sintéticos no ar, não num horizonte visível. Mas, por outro lado, todas essas ferramentas vêm sendo utilizadas no dia a dia da novela — ele afirma, citando o exemplo de uma cena recente na novela "Dona de mim", que apresentou um bebê dentro de uma caixa de papelão fechada (a criança, no caso, era uma imagem gerada artificialmente). — Não dá mais para colocar um bebê real dentro de uma caixa de papelão, né? Há outros casos exemplares: numa novela ou série, quando há um incêndio na trama, o cenário realmente pega fogo, e a emissora mobiliza um entourage para garantir que a sequência seja feita com total segurança. A prática, agora, vem sendo adaptada. — Recentemente, nós fizemos uma cena de incêndio totalmente com inteligência artificial (na novela "Êta mundo melhor!"), e o resultado foi um espetáculo. E mais. Foi um centésimo do custo se tivesse sido feita pelo processo tradicional — revela Raymundo. — Então, tem uma aprendizagem que a gente vem integrando dentro do nosso ambiente de produção de conteúdo em escala. Luta contra a desinformação Mas nem tudo são flores em se tratando de inteligência artificial. Apesar de celebrar (e engrossar) o movimento de espectadores que atuam como co-criadores de sucessos televisivos — vide o atual fenômeno do casal "Loquinha", shipp para Lorena (Alanis Guillen) e Juquinha (Gabi Medvedovsky) na novela "Três graças", que inspira um sem-número de vídeos nas redes sociais, com versões dubladas até em países da Ásia —, a emissora inclui hoje entre suas obrigações um monitoramento constante do ambiente digital para enfrentar a desinformação. Fátima Bernardes participa do evento Voices 2025 Márcio Alves/Agência O Globo Jornalista e apresentadora que, há pouco mais de uma década, empreendeu uma guinada na carreira a fim de se firmar como figura do universo do entretenimento, Fátima Bernardes lamenta que, dia sim, dia também, encontre pelo menos uma versão falsa de si mesma na internet. Em conversa mediada pela jornalista Renata Izaal, a profissional — que hoje mantém um canal no YouTube — discorreu acerca dos desafios da atuação no campo arenoso da web, "lugar em que três segundos é uma eternidade", como ela brinca. — Há diferentes linguagens a serem exploradas no ambiente on-line, e estar com uma equipe de jovens me oxigena demais — comentou Fátima, sem deixar de citar os reveses decorrentes da difusão da IA. — Olha, o que encontro de "Fátimas falsas" por aí... Não sou nutricionista, não sou ginecologista, não sou médica. Mas o que eu receito de remédio, fórmula para emagrecer e produtos de beleza, não é brincadeira. Antes, pegavam uma foto minha e a colocavam indevidamente ao lado de um produto. Agora é tudo com inteligência artificial. Já aconteceu de eu ser abordada na rua por gente que falou que comprou tal remédio porque me viu indicando. E não, não sou eu! Mais Lidas
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Epocanefocios2025/12/11 19:34
Seis tendências de tecnologia para 2026

Seis tendências de tecnologia para 2026

 Previsões para a cibersegurança na economia da IA em 2026 Getty Images O mundo nunca esteve tão incerto sobre o futuro. Existe um método para medir isso: trata-se do Índice de Incerteza Mundial (WUI), que monitora a ocorrência da palavra “incerto” nos relatórios de 200 países monitorados pela Economist Intelligence Unit, divisão de pesquisa e análise do The Economist Group. Entre janeiro e setembro de 2025, esse índice subiu 481%, superando o valor registrado durante a pandemia, segundo a pesquisa Tech Trends 2026, da Info-Tech. O estudo aponta uma razão fundamental para essa incerteza: as tarifas impostas pelo governo de Donald Trump a países em diferentes continentes. A nova política econômica dos Estados Unidos transformou corredores de livre comércio de longa data em canais truncados e difíceis de trafegar. Também entram na conta os fatores geopolíticos, com uma crescente divisão entre o Oriente e o Ocidente. Depois de décadas construindo cadeias de suprimentos globais em um planeta relativamente estável, agora as empresas estão tendo que trabalhar com a ideia de desglobalização, e também com a perspectiva de um mercado financeiro em constante volatilidade. Ao mesmo tempo, as tecnologias emergentes estão transformando as organizações mais rápido do que nunca. Segundo a Info-Tech, a IA passou de uma tecnologia emergente, em 2024, para uma força transformadora, com uma taxa de crescimento de adoção de 80%. Por enquanto, a inteligência artificial generativa ainda lidera os investimentos, mas não deve demorar para que seja superada pela IA agêntica. Confira abaixo as seis principais tendências para 2026. 1. Cadeia de suprimentos resiliente Se antes as empresas podiam contar com um mercado global de tecnologia à sua disposição, agora será preciso focar em fornecedores localizados, que sejam resistentes às tensões geopolíticas e à insegurança comercial. Os critérios de escolha também mudam: preço e disponibilidade dão lugar a resiliência e confiabilidade. 2. Orquestração multiagentes A era dos agentes individuais baseados em tarefas vai acabar, sendo substituída por ecossistemas coordenados de agentes em torno de um objetivo compartilhado. Os novos agentes serão capazes de se adaptar a contextos diferentes, completar tarefas e até mesmo processos inteiros. Mas, para isso, serão necessários profissionais para coordená-los. 3. Redes de sensores inteligentes A internet das coisas se tornará mais sofisticada, permitindo autonomia em tempo real. A convergência de sistemas microeletromecânicos (MEMS), sensores quânticos e algoritmos de IA está criando a próxima geração de aplicações, abrindo caminho para ações autônomas realizadas na borda, reduzindo a latência e a dependência de processamento centralizado. 4. IA como adversária e aliada  Hoje, a IA está sendo usada por cibercriminosos, organizações e mesmo países para potencializar seus ataques. Muitas empresas estão respondendo à altura, usando a inteligência artificial para apoiar suas capacidades de defesa. Mas o que acontece se a IA desenvolver uma personalidade própria e se voltar contra a humanidade, como preveem alguns? 5. Plataformas desenvolvidas com um propósito A abordagem única para a infraestrutura de computação está migrando para uma arquitetura mais orientada para um determinado caso de uso. Nos últimos anos, os projetistas de chips criaram processadores para atender às necessidades da IA e de grandes bancos de dados. Essa personalização tende a se tornar mais avançada. 6. Serviço como software Em vez de pagar pelo acesso a softwares fornecidos na nuvem, as empresas estão migrando para serviços que entregam resultados diretamente, geralmente automatizando processos que antes eram concluídos manualmente. A abordagem utiliza agentes de IA e recursos avançados de integração.
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Epocanefocios2025/12/11 18:58
Por que o preço da prata bateu recorde histórico

Por que o preço da prata bateu recorde histórico

 Especialistas acreditam que preço deve permanecer alto nos próximos meses BBC News fonte ReutersEspecialistas acreditam que preço deve permanecer alto nos próximos meses O preço da prata bateu um recorde histórico antes de um esperado corte na taxa de juros do banco central dos Estados Unidos (Fed, na sigla em inglês) enquanto a demanda do setor de tecnologia pelo metal precioso permanece alta. A prata ultrapassou os US$ 60 por onça (equivalente a aproximadamente 28 gramas) no mercado à vista — onde é comprada e vendida para entrega imediata — pela primeira vez na terça-feira (9/12). O ouro, que bateu seu maior recorde no início deste ano, à medida que aumentavam as preocupações sobre o impacto das tarifas dos EUA e as perspectivas da economia global, também registrou ganhos nesta semana. Os investidores tendem a aplicar dinheiro em metais preciosos como ouro e prata quando as taxas de juros caem e o dólar americano enfraquece. Na tarde desta quarta-feira (10/12), o banco central dos Estados Unidos reduziu as taxas de juros do país em 0,25 percentual, para a faixa de 3,50% a 3,75% ao ano — menor nível desde setembro de 2022. A decisão era esperada pelo mercado financeiro. Quando as taxas de juros são reduzidas, os negociadores normalmente compram ativos como a prata porque diminui a vantagem de manter dinheiro no banco ou comprar títulos de curto prazo, disse Yeow Hwee Chua, da Universidade Tecnológica de Nanyang. "Isso naturalmente desloca a demanda para ativos vistos como reserva de valor, incluindo a prata', afirmou. Esse movimento para os chamados ativos de "porto seguro" também foi um dos principais motivos para o ouro atingir novos recordes nos últimos meses, ultrapassando US$ 4.000 por onça pela primeira vez. A alta da prata também pode ser vista como um efeito indireto da valorização do ouro, à medida que os investidores buscam alternativas mais baratas, afirmou Christopher Wong, analista do banco OCBC. O ouro valorizou mais de 50% este ano, em parte devido às grandes compras realizadas por bancos centrais. Os preços da platina e do paládio também subiram este ano. Demanda supera a oferta Especialistas afirmam que o valor da prata também foi impulsionado pela forte demanda da indústria de tecnologia, que superou a oferta.  Isso ajudou mais do que dobrar o valor da prata este ano, superando outros metais preciosos, incluindo o ouro.  "A prata não é apenas um ativo de investimento mas também um recurso físico" e mais fabricantes estão percebendo a necessidade do material, disse Kosmas Marinakis, da Universidade de Gestão de Singapura. O metal precioso, que conduz eletricidade melhor do que o ouro ou o cobre, é usado para produzir bens como veículos elétricos e painéis solares. Especialistas preveem que o crescimento das vendas de veículos elétricos vai impulsionar a demanda pela prata, enquanto as baterias avançadas para os carros vão exigir ainda mais desse metal. Mas é difícil aumentar rapidamente a oferta de prata, já que a maior parte da produção global é um subproduto das minas que extraem principalmente outros metais, como chumbo, cobre ou ouro. O preço da prata também está sendo impulsionado por preocupações de que os EUA possam impor tarifas sobre ela como parte das políticas comerciais do presidente Donald Trump. O receio de possíveis tarifas também levou ao armazenamento de prata nos EUA, resultando em escassez em outras partes do mundo. Os EUA importam cerca de dois terços de sua prata, que é usada na manufatura, assim como em joias e investimentos. Os fabricantes correm para garantir o fornecimento e assegurar que suas operações não sejam interrompidas pela escassez, o que tem ajudado a impulsionar os preços nos mercados globais, disse Marinakis. Ele acrescentou que espera que o preço da prata permaneça alto nos próximos meses.  Preço do ouro está nas alturas, mas é seguro investir nesse metal precioso? Investir em ouro é boa saída em tempos de turbulência na economia?
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Epocanefocios2025/12/11 18:57
Esperma de doador com mutação que causa câncer foi usado para concepção de quase 200 crianças na Europa

Esperma de doador com mutação que causa câncer foi usado para concepção de quase 200 crianças na Europa

 O esperma do doador foi utilizado em clínicas em toda a Europa (imagem ilustrativa) BBC News fonte ShutterstockO esperma do doador foi utilizado em clínicas em toda a Europa (imagem ilustrativa) Um doador de esperma que, sem saber, tinha uma mutação genética que aumenta drasticamente o risco de câncer já gerou ao menos 197 crianças na Europa, segundo uma ampla investigação jornalística. Algumas dessas crianças já morreram e apenas uma minoria das que herdaram a mutação escapará do câncer ao longo da vida. O esperma não foi vendido a clínicas do Reino Unido, mas a BBC confirmou que um número "muito pequeno" de famílias britânicas, que já foram informadas, usou o material genético do doador em tratamento de fertilidade realizado na Dinamarca. O European Sperm Bank (Banco Europeu de Sêmen, em tradução livre), da Dinamarca, que comercializou o esperma, afirmou ter sua "mais profunda solidariedade" com as famílias afetadas e admitiu que o material foi usado para gerar bebês em número excessivo em alguns países. Até 20% do esperma do doador contém a mutação perigosa que aumenta o risco de câncer (imagem ilustrativa) BBC News fonte Getty ImagesAté 20% do esperma do doador contém a mutação perigosa que aumenta o risco de câncer (imagem ilustrativa) A investigação foi conduzida por 14 emissoras públicas, incluindo a BBC, como parte da rede de jornalismo investigativo da União Europeia de Radiodifusão (EBU, na sigla em inglês). O esperma veio de um homem anônimo que recebia pagamento para doar quando era estudante, a partir de 2005. Seu material genético foi utilizado por mulheres durante cerca de 17 anos. Ele é saudável e passou nos exames de triagem para doadores. No entanto, o DNA em algumas de suas células sofreu mutação antes de ele nascer. A alteração afetou o gene TP53, que tem função crucial na prevenção da transformação das células do corpo em células cancerosas. A maior parte do organismo do doador não contém a forma perigosa do TP53, mas até 20% de seus espermatozoides apresentam mutação. Porém, qualquer criança gerada a partir desses espermatozoides terá a mutação em todas as células do corpo. sem descrição BBC News fonte BBC A condição é conhecida como síndrome de Li-Fraumeni e está associada a até 90% de risco de desenvolvimento de câncer, especialmente na infância e, mais tarde, de câncer de mama. "É um diagnóstico terrível", disse à BBC a professora Clare Turnbull, geneticista do câncer no Institute of Cancer Research (Instituto de Pesquisa de Câncer, em tradução livre), em Londres (Reino Unido). "É uma situação muito desafiadora para uma família; há um peso permanente de conviver com esse risco. É claramente devastador." Tomografias de ressonância magnética do corpo e do cérebro devem ser feitas todos os anos, assim como ultrassons abdominais, para tentar identificar tumores. Muitas mulheres optam por retirar as mamas para reduzir o risco de câncer. O European Sperm Bank afirmou que "o próprio doador e seus familiares não estão doentes" e que esse tipo de mutação "não é detectada preventivamente na triagem genética". Além disso, o banco ainda que o doador foi "imediatamente bloqueado" quando o problema com seu esperma foi descoberto. Morte de crianças Médicos que tratavam crianças com câncer associado à doação de esperma levantaram preocupações durante a reunião deste ano da Sociedade Europeia de Genética Humana. Eles relataram ter identificado 23 crianças com a variante, de um total de 67 conhecidas naquele momento. Dez já haviam recebido diagnóstico de câncer. Por meio de pedidos via lei de acesso à informação e de entrevistas com médicos e pacientes, foi possível revelar que um número bem maior de crianças nasceu a partir do esperma do doador. O total chega a pelo menos 197 crianças, mas o número final pode ser maior, já que ainda não há dados de todos os países. Também permanece desconhecido quantas delas herdaram a mutação perigosa. Kasper tem ajudado algumas das famílias afetadas BBC News fonte BBCKasper tem ajudado algumas das famílias afetadas A geneticista especializada em câncer Edwige Kasper, do Hospital Universitário de Rouen (França), que apresentou os dados iniciais, disse à investigação: "Temos muitas crianças que já desenvolveram câncer". "Temos crianças que já tiveram dois tipos diferentes de câncer e algumas já morreram muito cedo." Céline (nome fictício) é mãe solo na França. Sua filha, concebida com o esperma do doador há 14 anos, herdou a mutação. Ela recebeu uma ligação da clínica de fertilidade que utilizou na Bélgica pedindo que sua filha fosse examinada. Céline afirmou não ter "qualquer ressentimento" em relação ao doador, mas considera inaceitável ter recebido um esperma que "não estava limpo, não estava seguro, carregava um risco". E ela sabe que o câncer estará sempre à espreita pelo resto de suas vidas. "Não sabemos quando, não sabemos qual tipo e não sabemos quantas vezes", disse. "Entendo que há grande chance de isso acontecer e, quando acontecer, vamos lutar e, se forem várias vezes, vamos lutar várias vezes." sem descrição BBC News fonte BBC O esperma do doador foi utilizado por 67 clínicas de fertilização em 14 países. O material não foi vendido a clínicas do Reino Unido. No entanto, como resultado desta investigação, autoridades da Dinamarca notificaram, nesta segunda-feira (08/12), a Autoridade de Fertilização e Embriologia Humana do Reino Unido (HFEA, na sigla em inglês). de que mulheres britânicas viajaram ao país para receber tratamento com o esperma do doador. Essas mulheres já foram informadas. Peter Thompson, diretor-executivo da HFEA, afirmou que um número "muito pequeno" de mulheres foi afetada e que "todas foram informadas sobre o doador pela clínica dinamarquesa onde receberam atendimento". Não se sabe se mulheres britânicas também fizeram tratamento em outros países que receberam esperma do doador. Os pais que estiverem preocupados são orientados a contatar a clínica utilizada e a autoridade de fertilidade do país onde o procedimento foi realizado. A BBC decidiu não divulgar o número de identificação do doador, pois ele fez as doações de boa-fé e os casos conhecidos no Reino Unido já foram comunicados. Não existe legislação mundial que limite o número de vezes que o esperma de um doador possa ser utilizado, mas cada país estabelece suas próprias regras. O European Sperm Bank reconheceu que esses limites foram "infelizmente" extrapolados em alguns países e afirmou estar "em diálogo com as autoridades da Dinamarca e da Bélgica". Na Bélgica, o esperma de um único doador só pode ser usado por seis famílias. Em vez disso, 38 mulheres deram à luz 53 crianças com o material genético do mesmo doador. No Reino Unido, o limite é de 10 famílias por doador. No Brasil, a resolução nº 2.320/2022 do Conselho Federal de Medicina recomenda que um doador gere no máximo dois nascimentos por milhão de habitantes na região, para reduzir o risco de relações entre irmãos biológicos. Também estabelece que a doação deve ser voluntária e anônima, mas não explica como essa divisão territorial é feita. 'Não é possível detectar tudo' O professor Allan Pacey, que já dirigiu o Banco de Esperma de Sheffield (Reino Unido) e hoje é vice-presidente adjunto da Faculdade de Biologia, Medicina e Saúde da Universidade de Manchester (Reino Unido), afirmou que os países passaram a depender de grandes bancos internacionais de esperma, e que metade do esperma utilizado no Reino Unido é importado. Ele disse à BBC: "Precisamos importar de grandes bancos internacionais de esperma, que também vendem para outros países, porque é assim que eles ganham dinheiro, e é aí que o problema começa, porque não existe lei internacional sobre quantas vezes o esperma pode ser usado". Segundo Pacey, o caso é "horrível" para todos os envolvidos, mas é impossível garantir segurança absoluta no material genético. "Não é possível detectar tudo. Hoje, aceitamos apenas 1% ou 2% de todos os homens que se candidatam para ser doadores, pelas regras atuais de triagem. Se apertarmos ainda mais, não teremos doadores de esperma." Este caso, junto ao de um homem que foi impedido de continuar após ter gerado 550 filhos por meio de doação de esperma, reacendeu as discussões sobre a necessidade de limites mais rígidos. A Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia sugeriu recentemente um limite de 50 famílias por doador. No entanto, afirmou que essa regra não reduziria o risco de transmissão de doenças genéticas raras, mas seria melhor para o bem-estar das crianças que descobrem ter centenas de meio-irmãos. "É preciso fazer mais para reduzir o número de famílias que nascem globalmente de um mesmo doador", disse Sarah Norcross, diretora da Progress Educational Trust, entidade independente que apoia pessoas afetadas por infertilidade e condições genéticas. "Não compreendemos totalmente quais serão as implicações sociais e psicológicas de ter centenas de meio-irmãos. Isso pode ser potencialmente traumático", afirmou à BBC News. O European Sperm Bank declarou: "É importante, especialmente à luz deste caso, lembrar que milhares de mulheres e casais não teriam a oportunidade de ter um filho sem a ajuda de esperma de um doador. De modo geral, é mais seguro ter um filho com o auxílio de esperma de um doador, desde que esses doadores passem por triagens conforme as diretrizes médicas." E se você optar por um doador de esperma? Sarah Norcross afirmou que esses casos são "extremamente raros" quando se considera o número de crianças nascidas por doação de esperma. Todos os especialistas ouvidos disseram que recorrer a uma clínica licenciada garante triagem para mais doenças do que a maioria dos futuros pais passa. Pacey, do Banco de Esperma de Sheffield, afirmou que perguntaria: "Esse doador é do Reino Unido ou de outro país?" E acrescenta: "Se [o doador] for de outro país, é legítimo questionar se esse doador já foi utilizado antes, ou quantas vezes o [material genético do] doador já foi usado." 'Nasci de um erro da clínica de fertilização e hoje tenho mais de 15 irmãos' A pioneira que ajudou a desenvolver a fertilização in vitro e nunca foi reconhecida O doador de esperma que teve mais de 550 filhos e foi proibido de doar novamente
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Epocanefocios2025/12/11 18:57