Vinicius Pantoja, Kakal Lima, Leonardo Paixão e Victor Zaban participam de painel no Voices, com moderação de Rebecca Silva Fernando Souza Um dos temas em Vinicius Pantoja, Kakal Lima, Leonardo Paixão e Victor Zaban participam de painel no Voices, com moderação de Rebecca Silva Fernando Souza Um dos temas em

Voices: como a inteligência artificial mudou a maneira como as startups nascem e crescem

2025/12/11 06:00
Vinicius Pantoja, Kakal Lima, Leonardo Paixão e Victor Zaban participam de painel no Voices, com moderação de Rebecca Silva — Foto: Fernando Souza Vinicius Pantoja, Kakal Lima, Leonardo Paixão e Victor Zaban participam de painel no Voices, com moderação de Rebecca Silva — Foto: Fernando Souza

Um dos temas em destaque na trilha de startups do Voices, evento de tecnologia e inovação realizado nesta quarta-feira (10/12), no Museu de Arte do Rio, foi o papel da tecnologia, e mais especificamente da inteligência artificial, na criação e crescimento das startups. Em painel totalmente dedicado à IA, Leonardo Paixão, cofundador e CRO da PX Data, Victor Zaban, cofundador da Shaped, Vinicius Pantoja, CTO e cofundador da Proffer, e Kakal Lima, head de Startups da AWS no Brasil, discutiram os principais erros cometidos pelos pelos fundadores no uso da tecnologia.

Para Kakal, da AWS, um dos maiores equívocos é olhar para a inteligência artificial como fundamento da empresa, em vez de ver a tecnologia apenas como um recurso. “Isso é muito comum, especialmente depois desse boom da IA. Mas os fundadores devem entender que ela não está na base da empresa, é simplesmente uma ferramenta.”

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Deixar de fazer a governança foi o erro apontado por Leonardo Paixão, da PX Data. “Esse controle é fundamental para fazer a medição dos resultados e entender o que está gerando valor como produto, como solução. A partir da governança, é possível sair do modelo genérico, agregar valor para o negócio e também para o cliente final.”

Hoje não dá para pensar em começar uma startup sem IA, afirmou Victor Zaban, da Shaped. “Isso é fundamental para atrair os investidores. Também é importante usar a tecnologia no seu produto de maneira a atender o seu cliente”, disse o cofundador.

Na visão de Pantoja, CTO e cofundador da Proffer, a grande vantagem da IA é que ela permite criar algo rapidamente. “O problema é que nem sempre o que foi criado é um produto de verdade. Se não tiver consistência e atender a um cliente real, não vai servir para nada. Esse é um grande erro. Falta seriedade na implementação da IA generativa.”

Mortalidade das startups

Em alguns casos, o erro pode ser grave o bastante para provocar a morte prematura da startup. “No caso das startups que usam IA, é necessário ter a arquitetura certa, flexível o bastante para crescer com a sua empresa”, disse Kakal. “Não é algo fácil de fazer, ainda mais para quem está ansioso para implantar a tecnologia rapidamente.”

Cuidar bem dos dados também entra na receita de uma startup que sabe usar bem a IA. “Para criar agentes inteligentes, é preciso ter dados de vários tipos”, disse Paixão. “Dados públicos dão contexto; os sintéticos conferem escala e variação, e os provenientes de pesquisa de mercado ajudam a dar profundidade. Nós temos evoluído muito nesse caminho de achar os melhores dados.”

O ciclo de desenvolvimento dos produtos mudou muito desde a popularização da IA, salientou Pantoja. “Mudou e continua mudando. A infraestrutura da empresa segue a mesma, mas as etapas de desenvolvimento se aceleram e se fundem.” Paixão concorda: “Antes, nossos roadmaps demoravam seis meses para ficar prontos. Agora levam duas semanas.”

Educação automatizada

Hector Gusmão, Alexandrine Brami e Rogério Tamasia durante painel do Voices, mediado por Paulo Gratão — Foto: Fernando Souza Hector Gusmão, Alexandrine Brami e Rogério Tamasia durante painel do Voices, mediado por Paulo Gratão — Foto: Fernando Souza

“A IA não é uma varinha mágica, é uma pílula azul. Permite aumentar muito a velocidade do que a gente faz, e permite ir mais longe com muito mais rapidez. Mas não garante a eficácia. E não deixa os alunos encantados”, disse Alexandrine Brami, CEO e fundadora da Lingopass, durante um debate sobre os rumos das edtechs, também dentro da trilha de startups do Voices. Para a fundadora, a IA é apenas uma base de dados que aprendeu a calcular e a se aperfeiçoar quando erra. “Na educação, 87% da comunicação é não-verbal. E isso se perde com a inteligência artificial”, acrescentou.

“A inteligência artificial pode ser traiçoeira”, disse Hector Gusmão, CEO e fundador da 42Rio e da Bolder. “Ela é muito boa quando fala em massificar a educação, levar para áreas remotas, romper diferenças sociais. Essa é a parte boa. A dificuldade está em conciliar essa massificação com senso crítico e profundidade. Caso contrário, vamos ter uma sociedade rasa em termos de conhecimento.”

O objetivo da 42, disse Gusmão, é formar futuros líderes de tecnologia. “Quem quer chegar neste posto precisa ter fundamento, saber engenharia, entender o que é treinar uma LLM, configurar uma máquina. Esses vão ser os líderes que sabem como usar a IA.”

Na opinião de Rogério Tamassia, cofundador e diretor da Liga Ventures, a educação perdeu um pouco daquele lado rebelde de quem queria revolucionar o mundo. “Hoje é tudo mais pragmático. É difícil, por exemplo, investir no B2C, nas escolas, porque custa muito caro. Por isso muitos empreendedores de edtechs migram para o B2B, para deixar o negócio mais sustentável. Enquanto os grandes investimentos não voltarem, é isso que vai acontecer.”

Impacto com lucro

Thiago Monsores e Marcus Vinícius Athayde, durante painel do Voices, mediado por Rebecca Silva — Foto: Fernando Souza Thiago Monsores e Marcus Vinícius Athayde, durante painel do Voices, mediado por Rebecca Silva — Foto: Fernando Souza

A questão do investimento é algo especialmente complexo no caso dos empreendimentos ligados à favela. “É muito difícil negociar com investidores que não entendem o que é negócio de impacto”, disse Thiago Monsores, sócio e CMO do Carteiro Amigo, que leva o correio para a favela, durante o painel “Impacto em escala urbana”. “Eles têm medo de investir, acham que o tráfico pode interferir nas operações da empresa. É uma pena, pois a favela é uma grande oportunidade para quem quer usar tecnologia na resolução de problemas reais.”

Existe outro tipo de dificuldade que vem de dentro da própria comunidade, diz Marcus Vinicius Athayde, presidente da Cufa (Central Única das Favelas) global. “Quem quer fundar um negócio de impacto precisa saber que será preciso gerar lucro, para sustentar sua família e seu esforço”, diz Athayde. “Não é uma ONG, é uma empresa que pode ser escalada no futuro.”

A expansão tem sido uma das prioridades da Cufa, que promove, entre os dias 11 e 14 de dezembro, o Fórum Global das Favelas, no qual representantes de mais de 70 países discutirão uma agenda global voltada à construção de soluções sociais e econômicas a partir da perspectiva da favela. “Trata-se de um mercado muito diversificado: há oportunidades em saúde, bancarização, telemedicina e muitas outras.” Com o Fórum, Athayde pretende discutir esse potencial a nível global.

Os moradores da favela já entenderam esse potencial, diz Monsores. “Hoje eles enxergam o empreendedorismo como uma maneira de subir na vida, mais do que o emprego com carteira assinada. Muitas vezes usam o salário como investimento inicial, para poderem se dedicar aos negócios em que realmente acreditam.”

Mas, para que esse mercado atinja todo o seu potencial, também é necessária a participação do setor público, diz Athayde. “O poder público deve identificar os principais problemas das favelas e, a partir desse levantamento, enxergar as oportunidades que existem ali, com milhares de empreendedores que podem germinar negócios incríveis.”

O Voices é uma iniciativa da Editora Globo e do Sistema Globo de Rádio, com patrocínio da Prefeitura do Rio e Secretaria Municipal de Educação, apoio da Zapt, patrocínio das trilhas por Claro Empresas e Insper e parceria da Play9.

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