Como previsto, o tiro do tarifaço está saindo pela culatra dos balanços.
O objetivo central da política econômica de Donald Trump, particularmente a imposição de impostos exorbitantes sobre os produtos importados, era reanimar a indústria e trazer empregos de volta aos EUA. Até agora, o resultado foi um aumento no número de falências e demissões.
Pelo menos 717 grandes empresas entraram com pedido de falência até novembro, de acordo com dados da S&P Global Market Intelligence publicados hoje pelo The Washington Post.
O número representa uma alta de 14% em relação ao ano anterior e é o maior desde 2010, quando a economia americana ainda vivia a ressaca da Grande Recessão de 2008 e 2009. O total inclui tanto os pedidos de Chapter 11 – recuperação judicial – como os de Chapter 7 – liquidação e venda dos ativos.
A exuberância das Big Techs e das companhias ligadas ao boom da inteligência artificial ofusca a situação de aperto em muitos setores – um fenômeno que ficou conhecido como a ‘K-shaped economy’. Ou seja: enquanto as empresas de tecnologia e seus executivos prosperam, outros setores e as famílias de baixa renda ficam ainda mais para trás.
As empresas que entraram em falência relatam que suas dificuldades se devem ao aperto no crédito e à alta nos custos – além dos efeitos diretos causados pelo tarifaço, como a desarticulação de cadeias de fornecimento e o salto nos preços de mercadorias e insumos importados.
O setor industrial – que inclui manufatura, construção e transporte – lidera os pedidos de falências corporativas, com 110 casos. No último ano, as empresas dessas atividades fecharam mais de 70 mil vagas de trabalho.
Outro fator citado pelas companhias como razão para a falência foram as mudanças na política ambiental. Trump extinguiu subsídios para a transição verde, como os incentivos para veículos elétricos e painéis solares.
O pior: os números da S&P Global dizem respeito apenas a grandes companhias. Mostram, portanto, apenas uma parte do que está se passando na economia americana. Estatísticas mais amplas revelam um aumento generalizado dos pedidos de falências, envolvendo milhares de micro e pequenas empresas.
“O aumento dos custos, as condições mais restritivas de crédito e a volatilidade geopolítica continuam a pressionar famílias e empresas que já enfrentam dificuldades financeiras,” Amy Quackenboss, a diretora-executiva do American Bankruptcy Institute, disse ao Business Insider.
Os pedidos de falência de pessoas físicas subiram 8% no ano, atingindo 40.973 até novembro, segundo dados da ABI.
Com relação às pequenas empresas, um levantamento da Epiq Bankruptcy Analytics mostra que os pedidos de falência somam mais de 2.300 no acumulado do ano – alta de quase 10% em relação ao mesmo período de 2024.
Os números dizem respeito aos pedidos do Subchapter 5 do Chapter 11 da lei de falências, com regras criadas em 2020 para facilitar a recuperação de empreendimentos com dívidas inferiores a US$ 7,5 milhões. Muitos desses negócios são microempresas familiares, os mom-and-pop businesses.
“Os credores estão no encalço dessas pessoas,” disse à Bloomberg Carol Fox, uma administradora judicial que supervisiona mais de duas dezenas de casos de falência no sul da Flórida.
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