O Bitcoin registrou queda de aproximadamente 2% a 4% nas últimas 24 horas, negociando próximo a US$87 mil nesta terça-feira, 16 de dezembro de 2025. A desvalorização reflete saídas líquidas significativas de fundos de investimento em criptomoedas e incertezas macroeconômicas globais que afetam todos os mercados financeiros.
Segundo dados de mercado, as saídas de fundos negociados em bolsa (ETFs) de Bitcoin totalizaram aproximadamente US$357,6 milhões, marcando a maior retirada desde 20 de novembro. Este movimento representa uma mudança de sentimento entre investidores institucionais, que historicamente têm sido suporte importante para a estabilidade do preço da principal criptomoeda.
Analistas técnicos alertam que o Bitcoin pode testar suportes críticos em torno de US$84 mil a US$85 mil. Se esses níveis falharem, a criptomoeda pode recuar ainda mais, com alguns especialistas citando possibilidade de queda abaixo de US$80 mil no curto prazo. As médias móveis de curto prazo (EMA10/EMA20) estão acima do preço atual, limitando recuperações e sinalizando pressão de baixa contínua.
No Brasil, o Bitcoin é cotado em torno de R$469 mil, refletindo a desvalorização em dólar e a pressão adicional do câmbio, que acumula alta de 2,38% em dezembro.
O Ethereum também sofreu com a volatilidade do mercado cripto, acompanhando a trajetória de baixa do Bitcoin. A correlação entre os dois principais ativos digitais permanece forte, com movimentos sincronizados refletindo o sentimento geral do mercado.
A queda das criptomoedas ocorre em um cenário de incerteza econômica mais ampla. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, despencou 2,42% em sessão recente, fechando abaixo de 160 mil pontos (158.578 pontos), impulsionado por indefinição sobre cortes na taxa Selic e fuga de investidores para renda fixa.
Nos Estados Unidos, o relatório de emprego (payroll) de novembro mostrou criação de 64 mil vagas, acima das expectativas de 50 mil. Este resultado reduziu apostas em cortes de juros pelo Federal Reserve em janeiro, fortalecendo o dólar e pressionando mercados emergentes como o Brasil.
A taxa Selic brasileira permanece em 15%, um dos maiores patamares globais, encarecendo o crédito e reduzindo o apetite por investimentos em ativos de risco, incluindo criptomoedas. O Banco Central ainda não sinalizou cortes na taxa, mantendo a incerteza sobre a política monetária brasileira.
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) projeta crescimento de 2,4% para a região em 2025, com o Brasil em 2,5%. Para 2026, a projeção cai para 2,3%, refletindo fraqueza na demanda interna, volatilidade comercial e dependência de serviços.
As tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos sob a administração Trump redesenharam cadeias globais, forçando o Brasil a diversificar exportações para China e Ásia. Simultaneamente, tensões geopolíticas elevaram preços de commodities e mantêm o dólar forte, reduzindo o consumo no varejo brasileiro.
Eventos geopolíticos continuam moldando os mercados financeiros globais. A intensificação do conflito Rússia-Ucrânia mantém pressão sobre a economia europeia e impulsiona sanções contra a Rússia, ampliando riscos para energia e cadeias de suprimentos. A crise humanitária em Gaza aumenta tensões no Oriente Médio, pressionando mercados de petróleo por risco geopolítico.
O avanço de governos de direita em vários países em 2025 alterou políticas comerciais e de investimento, elevando incerteza regulatória e risco político para fluxos de capital estrangeiro. Estes fatores contribuem para o ambiente de volatilidade que afeta tanto mercados tradicionais quanto criptomoedas.
No front regulatório, o Comitê Bancário do Senado dos EUA adiou as audiências sobre o projeto de lei de estrutura de mercado cripto (Clarity Act) para 2026. O adiamento reflete falta de acordo entre senadores sobre como organizar a supervisão de criptomoedas entre agências regulatórias.
Paul Atkins, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (SEC), alertou que criptomoedas podem virar “ferramentas poderosas de vigilância” se reguladas de forma inapropriada, pedindo equilíbrio entre aplicação da lei e privacidade. Simultaneamente, a SEC reduziu ações legais contra empresas cripto desde a mudança de administração, com retirada e adiamento de dezenas de casos.
A FDIC também propôs as primeiras regras sobre stablecoins nos EUA, mostrando que a supervisão cripto está sendo tratada por múltiplos reguladores além da SEC.
Investidores devem monitorar os seguintes indicadores:
O mercado de criptomoedas enfrenta um período de consolidação em meio a pressões macroeconômicas globais, incertezas regulatórias e volatilidade geopolítica. A queda do Bitcoin para US$87 mil reflete não apenas dinâmicas internas do mercado cripto, mas também o sentimento geral de risco que permeia mercados financeiros globais. Investidores devem manter cautela e acompanhar de perto os desenvolvimentos econômicos e políticos que continuam moldando o cenário de investimentos em 2025.

