A 1ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) retoma nesta 3ª feira (16.dez.2025) o julgamento dos acusados de integrar o chamado núcleo 2 da tentativa de golpe de Estado de 2022. É o último grupo a ser analisado pela Corte, depois dos núcleos 1, 3 e 4, o que marca o encerramento da etapa central do processo que investiga a articulação para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder depois da derrota eleitoral. Até agora, o STF já condenou 24 réus no caso —entre eles o ex-presidente— e absolveu 1 acusado das imputações apresentadas pela PGR (Procuradoria Geral da República).
Segundo a Procuradoria, os integrantes desse núcleo ocupavam cargos estratégicos no governo e teriam atuado de forma coordenada para dar sustentação institucional e operacional ao plano golpista. A acusação afirma que o grupo usou a máquina do Estado para produzir documentos, articular apoio político e preparar ações destinadas a romper a ordem democrática.
Entre as condutas atribuídas aos réus está a redação da chamada “minuta do golpe” —um esboço de decreto para a decretação de estado de sítio ou de defesa, que dependeria de aval do Congresso— além do planejamento de atos violentos e de iniciativas para interferir no processo eleitoral.
A denúncia sustenta ainda que parte dos acusados participou do monitoramento de autoridades e da elaboração de propostas para sua “neutralização”, com menções a planos que incluíam assassinatos e ações armadas. Outros teriam se dedicado à costura política e jurídica necessária para tentar conferir aparência de legalidade a um eventual governo de exceção.
Outro eixo da denúncia envolve a atuação da PRF (Polícia Rodoviária Federal) no 2º turno das eleições de 2022. De acordo com a PGR, Silvinei Vasques, então diretor-geral da corporação, e Marília Alencar, responsável pela área de Inteligência, coordenaram operações policiais para dificultar o fluxo de eleitores do Nordeste, região onde Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve vantagem eleitoral.
O Ministério Público atribui aos 6 réus 5 crimes: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado ao patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. A denúncia foi recebida pela 1ª Turma em abril de 2025.
Para a PGR, o núcleo 2 operou como uma engrenagem essencial do plano de golpe. Cada integrante teria contribuído de forma autônoma, mas convergente, para o objetivo comum de manter Bolsonaro no poder após a derrota eleitoral de 2022.
Com a saída do ministro Luiz Fux da 1ª Turma —voto vencido recorrente nas condenações relacionadas à tentativa de golpe—, a expectativa no STF é de que o julgamento seja concluído já nesta 3ª feira (16.dez). Os ministros Cristiano Zanin, Flávio Dino e Cármen Lúcia têm mantido posição consensual ao acompanhar o voto do relator, Alexandre de Moraes. O desfecho do núcleo 2 é considerado estratégico porque permite ao tribunal fechar ainda em 2025 a análise dos 31 réus do caso, evitando que decisões sensíveis envolvendo Bolsonaro e aliados contaminem o calendário eleitoral de 2026.
A Procuradoria argumenta que a atuação do grupo foi essencial para viabilizar a tentativa de golpe de Estado. Os denunciados teriam utilizado suas funções públicas e conhecimentos técnicos para criar condições operacionais, políticas e informacionais capazes de comprometer a normalidade democrática.
Leia abaixo o que diz a PGR de cada integrante do núcleo 2:

