Imagine uma estrutura de concreto mais alta que a Torre Eiffel segurando a força de um rio inteiro. Esse é o objetivo do Tajiquistão com a Barragem de Rogun, um empreendimento que promete transformar uma das nações mais pobres da Ásia Central em uma potência energética regional.
Com impressionantes 335 metros de altura, a estrutura está projetada para superar qualquer outra represa existente no planeta. O projeto visa domar as águas do rio Vakhsh para gerar eletricidade suficiente não apenas para o consumo interno, mas para exportação.
O país enfrenta apagões frequentes e vê nessa obra a única saída para sua instabilidade econômica. No entanto, a ambição técnica colide com uma realidade financeira complexa e um histórico de interrupções.
Estrutura monumental de concreto projetada para conter grande volume de água até 2035
O sonho começou ainda na era da União Soviética, mas o colapso do bloco em 1991 paralisou as máquinas. O Tajiquistão mergulhou em uma guerra civil brutal logo em seguida, e grandes enchentes destruíram parte das fundações iniciais.
O projeto ficou abandonado por anos até ser retomado como uma questão de honra nacional. A narrativa de independência energética tornou-se central para o governo, custe o que custar.
O financiamento é o maior pesadelo logístico da obra. Após a saída da investidora russa Rusal em 2007, por divergências técnicas, o governo tajique tomou medidas extremas, chegando a forçar trabalhadores públicos a doar parte dos salários para o fundo da construção.
O orçamento estimado saltou de 3,9 para 6,2 bilhões de dólares em 2023. Esse valor coloca uma pressão imensa sobre as finanças do país, que precisa equilibrar dívidas externas crescentes com a necessidade de terminar o megaprojeto.
O controle da água na região é tão crítico que quase provocou um conflito armado em 2012. O vizinho Uzbequistão ameaçou entrar em guerra, temendo que a barragem retivesse o fluxo de água vital para sua agricultura, especialmente as plantações de algodão.
As relações diplomáticas melhoraram recentemente, mas a gestão hídrica continua sendo um ponto sensível. A barragem dará ao Tajiquistão o poder de controlar a “torneira” da região, alterando o equilíbrio geopolítico local.
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Grandes obras de infraestrutura cobram preços altos além do dinheiro. O impacto social e ecológico da construção já alterou a vida de milhares de famílias e ameaça ecossistemas sensíveis:
No vídeo a seguir, do canal com mais de 17 mil inscritos, Unthinkable Build, é mostrado um pouco do projeto:
A construção ganhou novo fôlego em 2016 com a contratação da empresa italiana Salini Impregilo (atual Webuild). Duas unidades hidrelétricas começaram a operar entre 2018 e 2019, provando a viabilidade técnica da obra.
Apesar dos avanços, o caminho é longo. Se o Tajiquistão conseguir finalizar o projeto em 2035, garantirá sua soberania energética. Acompanhe as atualizações geopolíticas sobre como essa obra pode redefinir as fronteiras da Ásia Central.
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