O Federal Reserve (Fed) decidiu cortar a taxa básica de juros dos EUA em 0,25 ponto percentual (p.p.), para o intervalo de 3,5% a 3,75% ao ano. O resultado do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) foi divulgado na tarde desta “super quarta” (10).
Este foi o terceiro corte consecutivo nos juros, que dá continuidade ao ciclo de afrouxamento monetário na maior economia do mundo. Em setembro, o banco central norte-americano realizou a primeira redução nos juros durante o segundo mandato de Donald Trump — feita após cinco manutenções seguidas.
Apesar dos membros formarem maioria, a decisão não foi unânime. Austan Goolsbee e Jeffrey Schmid votaram para manter os juros, enquanto Stephen Miran, escolhido de Donald Trump, votou por um corte maior, de 0,5 p.p.
Em comunicado, o comitê afirmou que os indicadores mais recentes mostram que a atividade econômica nos EUA continua crescendo em ritmo moderado. A criação de vagas desacelerou ao longo do ano, enquanto a taxa de desemprego avançou gradualmente até setembro.
Os riscos observados pelo banco central foram a inflação, que voltou a subir em relação ao início do ano e segue acima da meta de 2%, e a incerteza sobre o cenário econômico, que permanece elevada.
Além disso, o Fed informou que as reservas do sistema financeiro caíram para níveis considerados adequados e, por isso, iniciará compras de títulos do Tesouro de curto prazo, quando necessário, para manter a liquidez do sistema bancário.
Após da decisão, as bolsas em Nova York ganharam ritmo e ampliaram levemente os ganhos antes do discurso do presidente do Fed, Jerome Powell. Às 15h15 (horário de Brasília), o Nasdaq opera em 0,08%, S&P 500 sobe 0,27% e Dow Jones tem alta de 0,61%.
No Brasil, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, continua em alta, com alta de 0,3%, aos 158.458 pontos. O dólar perdeu força, mas ainda sobe 0,58%, a R$ 5,46.
Para Sarah Uska, analista de criptoativos do Bitybank, afirma que o corte já vinha sendo precificado ao longo das últimas semanas e ajuda a explicar parte da melhora recente no apetite por risco, especialmente em ativos sensíveis ao cenário macroeconômico, como o Bitcoin.
Investidores agora observam o tom do discurso de Powell, que será determinante para o mercado de ativos de risco, segundo Uska.
Durante a sessão, às 11h25 (horário de brasília), quase 89,9% dos analistas apostavam em um novo corte na taxa de juros dos EUA, segundo o monitoramento do CME Group (imagem abaixo).
Para a próxima reunião, que acontecerá em 28 de janeiro, as apostas são de uma manutenção das taxas (72,2%), enquanto 19,9% enxergam a possibilidade de outro corte, que levariam a taxa para o intervalo de 3,5% e 3,25% ao ano.
A tomada de decisão sobre os juros é o principal motivo da briga entre o presidente do banco central americano e o presidente do país. Trump vem há tempos criticando o mandato de Powell, dizendo abertamente que ele está “demorando muito” para cortar a taxa de juros. O conflito, inclusive, fez Trump apelidar Powell de: Jerome “Too Late” Powell (atrasado, em inglês).
Durante o Simpósio de Jackson Hole, Powell mencionou as políticas de Trump (como a taxação de produtos estrangeiros) como prejudiciais à inflação, comentando que há uma grande incerteza sobre quando todas essas políticas se acalmarão e quais serão seus efeitos duradouros na economia.
“Os efeitos das tarifas nos preços aos consumidores estão claramente visíveis. Nós esperamos que esses efeitos se acumulem nos próximos meses, com o aumento das incertezas”, afirmou.
Questionado pela imprensa sobre uma possível demissão de Powell, o presidente dos EUA recuou, mas manteve as críticas à atual política monetária.
Nesta semana, o Financial Times informou que Trump fará rodada final de entrevistas para definir quem será o novo presidente do Fed. O diretor do Conselho Econômico Nacional dos Estados Unidos, Kevin Hassett, segue como favorito.
Seguem na chance pelo cargo: ex-membro do Fed, Kevin Warsh; os dirigentes do Fed Christopher Waller e Michelle Bowman; e Rick Rieder, da BlackRock.
Com a pandemia da Covid-19 e a guerra entre Ucrânia e Rússia, a inflação dos Estados Unidos subiu exponencialmente, chegando a atingir a maior inflação em 40 anos em 2022 (9,1%).
A taxa básica de juros serve para desacelerar a economia, assim controlando a inflação. Ou seja, conforme a inflação subiu, os juros nos EUA subiam.
Em maio de 2023, depois de 10 altas consecutivas, o Fed parece ter encontrado um intervalo estável para controlar a inflação (entre 5,25% e 5,5% ao ano). Os juros só começaram a cair em setembro de 2024, quando tivemos o primeiro corte desde 2020.
O post Fed corta juros dos EUA em 0,25 ponto percentual pela terceira vez consecutiva apareceu primeiro em Monitor do Mercado.


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