Bactéria Tersicoccus phoenicis sobrevive em condições extremas ao entrar em estado de hibernação profunda NASA/JPL-Caltech Em 2007, a Nasa descobriu uma bactéria nunca vista pela ciência em um dos lugares mais improváveis da Terra: duas salas ultralimpas de montagem de naves espaciais, localizadas a 4 mil quilômetros de distância uma da outra. Batizada de Tersicoccus phoenicis, o micro-organismo conseguiu burlar todos os processos extremos de esterilização aplicados nesses ambientes. Agora, segundo reportagem do Gizmodo, cientistas finalmente descobriram como ela fez isso: entrando em hibernação profunda e "fingindo-se de morta". A revelação, publicada na revista científica Environmental Microbiology, resolve um mistério de quase duas décadas e levanta uma questão preocupante: será que essa bactéria viajou para Marte escondida em alguma missão espacial? O desafio da esterilização As salas limpas da Nasa são projetadas para eliminar qualquer forma de vida microscópica que possa contaminar missões espaciais. O objetivo é duplo: proteger astronautas e evitar que micróbios terrestres sejam levados para outros planetas, o que poderia comprometer a busca por vida extraterrestre. Para isso, os ambientes passam por processos rigorosos que incluem aquecimento repetido, secagem extrema, exposição a gases mortais para micro-organismos, tratamento com radiação ultravioleta e bombardeio com radiação. Depois, microbiologistas fazem verificações para confirmar que nada permanece vivo. Ainda assim, a T. phoenicis não apenas sobreviveu como passou despercebida pelos testes de esterilização. Em 2013, quando a Nasa anunciou publicamente a descoberta da bactéria, a agência esclareceu que o micro-organismo não representava riscos à saúde, mas que continuaria estudando espécies semelhantes. A estratégia da hibernação Para entender como a bactéria conseguiu esse feito, uma equipe liderada pelo microbiologista Madhan Tirumalai, da Universidade de Houston, conduziu experimentos que simularam as condições das salas limpas. Os pesquisadores privaram amostras de T. phoenicis de todos os nutrientes e as colocaram em placas de Petri estéreis para desidratá-las ao máximo. Em apenas 48 horas, as bactérias entraram em estado de dormência, com sinais vitais tão reduzidos que pareciam mortas. Permaneceram assim pelos sete dias seguintes, mesmo quando os cientistas tentaram reanimá-las reintroduzindo alimento. Mas não estavam mortas: quando expostas a uma proteína específica, suas atividades biológicas foram "ressuscitadas". Segundo Tirumalai, a bactéria não estava morta, apenas dormente. Essa capacidade de suspender intencionalmente o metabolismo torna a sobrevivência em superfícies de naves espaciais ou durante viagens pelo espaço profundo mais plausível do que se imaginava anteriormente, explica Nils Averesch, microbiologista da Universidade da Flórida que não participou do estudo. Marte está contaminado? Uma das salas limpas onde a T. phoenicis foi encontrada pela primeira vez estava sendo usada durante os preparativos da sonda Phoenix Mars Lander, que viajou com sucesso para Marte. Se essas bactérias são tão hábeis em se esconder, existe a possibilidade de que tenham chegado ao planeta vizinho sem serem detectadas? Apesar de a ideia ser preocupante, especialistas acreditam que as chances são pequenas. Segundo Averesch, qualquer coisa diretamente exposta na superfície marciana dificilmente sobreviveria. Há também a possibilidade de que a T. phoenicis tenha evoluído especificamente para se adaptar às salas limpas de naves espaciais, já que nunca foi encontrada em nenhum outro lugar do mundo, conforme aponta o estudo. Mais Lidas Bactéria Tersicoccus phoenicis sobrevive em condições extremas ao entrar em estado de hibernação profunda NASA/JPL-Caltech Em 2007, a Nasa descobriu uma bactéria nunca vista pela ciência em um dos lugares mais improváveis da Terra: duas salas ultralimpas de montagem de naves espaciais, localizadas a 4 mil quilômetros de distância uma da outra. Batizada de Tersicoccus phoenicis, o micro-organismo conseguiu burlar todos os processos extremos de esterilização aplicados nesses ambientes. Agora, segundo reportagem do Gizmodo, cientistas finalmente descobriram como ela fez isso: entrando em hibernação profunda e "fingindo-se de morta". A revelação, publicada na revista científica Environmental Microbiology, resolve um mistério de quase duas décadas e levanta uma questão preocupante: será que essa bactéria viajou para Marte escondida em alguma missão espacial? O desafio da esterilização As salas limpas da Nasa são projetadas para eliminar qualquer forma de vida microscópica que possa contaminar missões espaciais. O objetivo é duplo: proteger astronautas e evitar que micróbios terrestres sejam levados para outros planetas, o que poderia comprometer a busca por vida extraterrestre. Para isso, os ambientes passam por processos rigorosos que incluem aquecimento repetido, secagem extrema, exposição a gases mortais para micro-organismos, tratamento com radiação ultravioleta e bombardeio com radiação. Depois, microbiologistas fazem verificações para confirmar que nada permanece vivo. Ainda assim, a T. phoenicis não apenas sobreviveu como passou despercebida pelos testes de esterilização. Em 2013, quando a Nasa anunciou publicamente a descoberta da bactéria, a agência esclareceu que o micro-organismo não representava riscos à saúde, mas que continuaria estudando espécies semelhantes. A estratégia da hibernação Para entender como a bactéria conseguiu esse feito, uma equipe liderada pelo microbiologista Madhan Tirumalai, da Universidade de Houston, conduziu experimentos que simularam as condições das salas limpas. Os pesquisadores privaram amostras de T. phoenicis de todos os nutrientes e as colocaram em placas de Petri estéreis para desidratá-las ao máximo. Em apenas 48 horas, as bactérias entraram em estado de dormência, com sinais vitais tão reduzidos que pareciam mortas. Permaneceram assim pelos sete dias seguintes, mesmo quando os cientistas tentaram reanimá-las reintroduzindo alimento. Mas não estavam mortas: quando expostas a uma proteína específica, suas atividades biológicas foram "ressuscitadas". Segundo Tirumalai, a bactéria não estava morta, apenas dormente. Essa capacidade de suspender intencionalmente o metabolismo torna a sobrevivência em superfícies de naves espaciais ou durante viagens pelo espaço profundo mais plausível do que se imaginava anteriormente, explica Nils Averesch, microbiologista da Universidade da Flórida que não participou do estudo. Marte está contaminado? Uma das salas limpas onde a T. phoenicis foi encontrada pela primeira vez estava sendo usada durante os preparativos da sonda Phoenix Mars Lander, que viajou com sucesso para Marte. Se essas bactérias são tão hábeis em se esconder, existe a possibilidade de que tenham chegado ao planeta vizinho sem serem detectadas? Apesar de a ideia ser preocupante, especialistas acreditam que as chances são pequenas. Segundo Averesch, qualquer coisa diretamente exposta na superfície marciana dificilmente sobreviveria. Há também a possibilidade de que a T. phoenicis tenha evoluído especificamente para se adaptar às salas limpas de naves espaciais, já que nunca foi encontrada em nenhum outro lugar do mundo, conforme aponta o estudo. Mais Lidas

Bactéria Tersicoccus phoenicis sobrevive em condições extremas ao entrar em estado de hibernação profunda — Foto: NASA/JPL-Caltech
Em 2007, a Nasa descobriu uma bactéria nunca vista pela ciência em um dos lugares mais improváveis da Terra: duas salas ultralimpas de montagem de naves espaciais, localizadas a 4 mil quilômetros de distância uma da outra. Batizada de Tersicoccus phoenicis, o micro-organismo conseguiu burlar todos os processos extremos de esterilização aplicados nesses ambientes. Agora, segundo reportagem do Gizmodo, cientistas finalmente descobriram como ela fez isso: entrando em hibernação profunda e "fingindo-se de morta".
A revelação, publicada na revista científica Environmental Microbiology, resolve um mistério de quase duas décadas e levanta uma questão preocupante: será que essa bactéria viajou para Marte escondida em alguma missão espacial?
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O desafio da esterilização
As salas limpas da Nasa são projetadas para eliminar qualquer forma de vida microscópica que possa contaminar missões espaciais. O objetivo é duplo: proteger astronautas e evitar que micróbios terrestres sejam levados para outros planetas, o que poderia comprometer a busca por vida extraterrestre.
Para isso, os ambientes passam por processos rigorosos que incluem aquecimento repetido, secagem extrema, exposição a gases mortais para micro-organismos, tratamento com radiação ultravioleta e bombardeio com radiação. Depois, microbiologistas fazem verificações para confirmar que nada permanece vivo.
Ainda assim, a T. phoenicis não apenas sobreviveu como passou despercebida pelos testes de esterilização. Em 2013, quando a Nasa anunciou publicamente a descoberta da bactéria, a agência esclareceu que o micro-organismo não representava riscos à saúde, mas que continuaria estudando espécies semelhantes.
A estratégia da hibernação
Para entender como a bactéria conseguiu esse feito, uma equipe liderada pelo microbiologista Madhan Tirumalai, da Universidade de Houston, conduziu experimentos que simularam as condições das salas limpas. Os pesquisadores privaram amostras de T. phoenicis de todos os nutrientes e as colocaram em placas de Petri estéreis para desidratá-las ao máximo.
Em apenas 48 horas, as bactérias entraram em estado de dormência, com sinais vitais tão reduzidos que pareciam mortas. Permaneceram assim pelos sete dias seguintes, mesmo quando os cientistas tentaram reanimá-las reintroduzindo alimento. Mas não estavam mortas: quando expostas a uma proteína específica, suas atividades biológicas foram "ressuscitadas".
Segundo Tirumalai, a bactéria não estava morta, apenas dormente. Essa capacidade de suspender intencionalmente o metabolismo torna a sobrevivência em superfícies de naves espaciais ou durante viagens pelo espaço profundo mais plausível do que se imaginava anteriormente, explica Nils Averesch, microbiologista da Universidade da Flórida que não participou do estudo.
Uma das salas limpas onde a T. phoenicis foi encontrada pela primeira vez estava sendo usada durante os preparativos da sonda Phoenix Mars Lander, que viajou com sucesso para Marte. Se essas bactérias são tão hábeis em se esconder, existe a possibilidade de que tenham chegado ao planeta vizinho sem serem detectadas?
Apesar de a ideia ser preocupante, especialistas acreditam que as chances são pequenas. Segundo Averesch, qualquer coisa diretamente exposta na superfície marciana dificilmente sobreviveria.
Há também a possibilidade de que a T. phoenicis tenha evoluído especificamente para se adaptar às salas limpas de naves espaciais, já que nunca foi encontrada em nenhum outro lugar do mundo, conforme aponta o estudo.
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Químico eterno que pode causar infertilidade é encontrado em 82% dos cereais na EuropaIsenção de responsabilidade: Os artigos republicados neste site são provenientes de plataformas públicas e são fornecidos apenas para fins informativos. Eles não refletem necessariamente a opinião da MEXC. Todos os direitos permanecem com os autores originais. Se você acredita que algum conteúdo infringe direitos de terceiros, entre em contato pelo e-mail
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