O governo britânico emitiu uma nova exigência para que a Apple forneça acesso a dados de armazenamento em nuvem criptografados pertencentes a usuários do Reino Unido, marcando um conflito renovado entre as autoridades e o gigante da tecnologia sobre a privacidade dos clientes.
Funcionários do Ministério do Interior enviaram o que é conhecido como aviso de capacidade técnica à Apple, visando especificamente backups em nuvem criptografados de cidadãos britânicos. Isso representa uma abordagem reduzida em comparação com uma tentativa anterior que buscava acesso global aos dados de usuários de qualquer parte do mundo, o que havia gerado tensões com Washington.
De acordo com relatórios do Financial Times publicados na quarta-feira, o novo aviso concentra-se exclusivamente em dados de clientes baseados no Reino Unido, em vez de usuários em todo o mundo. Quando questionado sobre o assunto, um representante do Ministério do Interior recusou-se a confirmar ou negar se tais avisos existem, citando segurança operacional. O porta-voz afirmou que o departamento tomaria quaisquer medidas necessárias internamente para proteger os cidadãos britânicos.
A Apple retirou seu serviço de proteção de dados avançada para novos clientes britânicos em fevereiro após a disputa inicial. A empresa informou aos usuários existentes que eventualmente precisariam desativar o recurso de segurança. Outras ferramentas de comunicação como iMessage e FaceTime continuam a oferecer criptografia por padrão.
Em agosto passado, Tulsi Gabbard, que atua como diretora de inteligência nacional nos Estados Unidos, indicou que as autoridades britânicas haviam recuado de suas exigências iniciais relativas às informações de clientes americanos. O presidente Donald Trump havia anteriormente comparado o pedido de acesso a práticas associadas à China.
Embora a Apple não tenha abordado diretamente a história, a empresa expressou profunda decepção por não poder fornecer proteção de dados avançada aos clientes britânicos. A empresa enfatizou que não criaria nenhum acesso backdoor aos seus sistemas sob quaisquer circunstâncias.
"A Apple permanece comprometida em oferecer aos nossos usuários o mais alto nível de segurança para seus dados pessoais e temos esperança de que poderemos fazê-lo no futuro no Reino Unido. Como dissemos muitas vezes antes, nunca construímos uma backdoor ou chave mestra para qualquer um de nossos produtos ou serviços e nunca o faremos", afirmou a empresa.
A Apple contestou o aviso de capacidade técnica original através do tribunal de poderes investigativos, que examina se as agências de inteligência domésticas operaram dentro da lei.
Detalhes sobre o que o aviso continha não foram divulgados, e a lei atual sob a Lei de Poderes Investigativos impede que os destinatários reconheçam que esses avisos existem. De acordo com o Financial Times, o primeiro aviso foi além da proteção de dados avançada e também cobriu o serviço iCloud padrão que mais pessoas usam.
O recurso de proteção de dados avançada depende de criptografia que permite apenas que os titulares de contas desbloqueiem seus arquivos, incluindo documentos e fotos. Nem mesmo a Apple pode acessar esse material criptografado. A Apple tem fortalecido suas capacidades de criptografia em todos os seus serviços para proteger a privacidade do usuário.
A situação aponta para as preocupações mais amplas sobre privacidade de dados e vigilância governamental que as empresas de tecnologia enfrentam ao operar em diferentes jurisdições.
"A vulnerabilidade resultante pode ser explorada por estados hostis, criminosos e outros atores maliciosos em todo o mundo", disse a organização.
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